Crítica ao álbum Chromatica de Lady Gaga: O regresso foi bem-sucedido ou nem por isso?

Chromatica é o sexto álbum de estúdio da cantora e compositora norte-americana Lady Gaga, lançado a 29 de maio de 2020, através das gravadoras Streamline e Interscope Records, tendo a participação de produtores musicais tais como BloodPop, Skrillex, Axwell e Tchami.
Chromatica representa o regresso tão esperado de Lady Gaga à indústria musical, sendo o sucessor de Joanne, um álbum marcado pelo country, soft-rock e dance-pop, lançado em 2016.
Numa primeira impressão, tendo em conta os singles promocionais, obviamente podemos referir que a sonoridade é pautada pelo dance-pop, electropop e synth-pop, diferindo completamente do seu último álbum.
O que quer dizer? Lady Gaga é versátil, não se restringindo apenas a um género musical, inovando e mostrando que continua relevante nos dias de hoje.
Chromatica é o renascimento da antiga Lady Gaga, sendo um upgrade de Artpop. Este álbum destaca-se pelos temas profundos que nos fazem chorar enquanto dançamos e por não cair no exagero na eletrónica. Além disso, está dividido em 3 atos: Chromatica I, Chromatica II e Chromatica III.
Qual é o propósito do mais recente trabalho? A própria disse que o fez com o intuito das pessoas dançarem e se manterem positivas nos pontos altos e baixos da vida. Na minha opinião, o propósito foi cumprido? Saberás brevemente.

Bem-vindos/as a Chromatica!

"Chromatica I"- Set the mood para entrar no mundo criado por Lady Gaga, sendo uma entrada grandiosa para o que nos espera (relembra o que antecede ao início de um filme). A utilização de instrumentos de cordas foi uma jogada inteligente uma vez que proporciona um ambiente pacífico.
"Alice"- Início do som que nos irá acompanhar ao longo do álbum. Faz-nos reviver a sonoridade de The Fame;
"Stupid Love"- O primeiro single promocional demonstra perfeitamente o que esperar de Chromatica. Mensagens cheias de good vibes e sons virados para a dance floor.
"Rain On Me" (ft. Ariana Grande)- O segundo single promocional apresenta vivências e experiências vividas pela Stefani. É uma das faixas que mostra que este é um dos trabalhos mais pessoais, uma vez que a maioria ou mesmo todas as faixas possuem algo colado à realidade de Lady Gaga. É uma canção que tem uma sonoridade que fica na cabeça e que acredito que não passa despercebida neste novo trabalho.
"Free Woman"- É uma das minhas canções favoritas. É uma faixa tão crua, tão ligada ao lado espiritual e humano, às adversidades e às fragilidades que temos que enfrentar no percurso da vida. "Free Woman" é completamente autobiográfica, sensível e honesta, sendo um dos destaques, sem dúvida.
"Fun Tonight"- "Fun Tonight" é outra das minhas canções preferidas. Espelha nitidamente a simbiose, que infelizmente, os seus relacionamentos amorosos não tiveram com a sua carreira, sendo autobiográfica. Além disso, é uma viagem aos sentimentos e entender que faz parte da vida deixar as pessoas irem. Destaque para a produção e para a extensão vocal (incluindo os graves bem preenchidos e também presentes noutras faixas).
"Chromatica II"- Mantém a atmosfera mostrada no primeiro ato. O aumento do ritmo cria-nos suspense e ansiedade que ditam um pouco o ambiente da próxima canção.
"911"- Sublinha o quanto podemos ser o nosso próprio inimigo. Acredito que "911" podia estar perfeitamente em The Fame ou Artpop. Existe um equilíbrio na letra e como o instrumental é utilizado de forma a destacá-la.
"Plastic Doll"- Acredito que fala como os artistas se sentem marionetas quando entram na indústria musical. Um dos pontos mais positivos de Chromatica é remeter a acontecimentos passados e adicionar momentos recentes, relatando o progresso da artista em questão. "Plastic Doll" demonstra a frustração e o progresso pessoal e artístico de Lady Gaga.
"Sour Candy" (ft. BLACKPINK)- A meu ver, é a faixa mais fraca de Chromatica e como tal penso que podia ser bem descartável. Destaque para os graves belíssimos de Gaga.
"Enigma"- Como já referi anteriormente, existe um equilíbrio entre tudo o que é utilizado na faixa. Reforço o registo baixo e amplitude da voz demonstrados.
"Replay"- Considero que é capaz de não ser a canção mais bem-sucedida. Apesar disso, não se afasta das restantes, mantendo-se a coesão.
"Chromatica III"- É o último e terceiro ato de Chromatica. Continuo a elogiar o planeamento dos atos uma vez que demonstram coerência entre si. Considero o uso de instrumentos de cordas algo muito positivo, sendo um triunfo.
"Sine From Above" (ft. Elton John)- Sem criticar as duas colaborações anteriores, penso que a união de Lady Gaga com Elton John representa a melhor colaboração deste álbum. Vou mais longe e digo que se houvesse uma faixa intitulada de Chromatica, seria plenamente esta. A representatividade da onda sonora como a salvação que a música foi para artista, aumenta o grau de profundidade perante as outras canções. "Sine From Above" simboliza a importância da arte, reflete o propósito deste trabalho de estúdio e cativa pela leveza e serenidade. 
"1,000 Doves"- É um dos pontos altos do álbum e é de alguma forma a continuação da faixa anterior. O conteúdo lírico é um dos mais bonitos deste projeto.
"Babylon"- Desde a primeira listening, que eu considero que "Babylon" é a canção com mais atitude e a mais savage. Através do conjunto de diferentes camadas, entre elas um coro, Lady Gaga entrega-nos um hino de liberdade e de superação.



REVIEW: Chromatica é o autoconhecimento pessoal de Lady Gaga. Apesar dos problemas, a procura incessante de um refúgio, de um porto seguro, repleto de valores tais como a liberdade e a independência. Admitir o problema, lutar para resolvê-lo, conquistar um ambiente saudável e de tranquilidade e dançar ao som do teu mundo recheado de positividade e superação perante os baixos da vida. Lady Gaga ou Stefani Germanotta, como quiseres, alcançou o seu mundo com a cicatrização de feridas: Chromatica. O propósito foi cumprido? Plenamente. Recomendo vivamente o listening.

Obrigada pelas lições Chromatica.

Rita Bonifácio

Comentários

Mensagens populares